Como Vemos os Outros
Nós temos em toda a vida, especialmente na esfera
da comunicação espiritual, o hábito errado de emprestarmos às outras pessoas
muito daquilo que nos é próprio, como se tivesse de ser mesmo assim.
Mas como elas, além disso, nos mostram
também o que têm de si próprias, daí resultam, dado que nós procuramos criar
uma unidade com as duas partes, autênticos monstros, semelhantes àqueles que,
numa casa com muitos cantos, a luz de uma lanterna produz com uma parte de
sombras e uma parte de objetos reais.
Não há nenhuma operação mais útil mas, ao
mesmo tempo, mais difícil que deduzir da imagem do outro aquilo que
inconscientemente lhe foi emprestado.
No entanto, só assim fazemos dos outros
verdadeiras pessoas - ou, dito de uma forma mais breve: o homem julga
compreender os homens quando acrescenta a uma suposta e ilimitada analogia com
o seu próprio eu ainda alguma coisa que é contrária a esse eu.
É a experiência que leva cada um a poder
lidar com pessoas que tem de imaginar, na sua essência, diferentes de si mesmo.
Hugo Hofmannsthal
Hugo Hofmannsthal
Escritor. nascido na
Austria, em 1874
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Sábia Indecisão
Muito Mais Que Um Grupo de Teatro
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