terça-feira, 28 de fevereiro de 2017



Divertimento Enganador



Os homens, tendo podido curar-se da morte, da miséria, da ignorância, lembraram-se, para se tornarem felizes, de não pensar nisso.


Foi tudo quanto inventaram para se consolarem de tão poucos males. Consolação riquíssima. Não se dirige a curar o mal. Esconde-o por um pouco.

 Escondendo-o, faz com que se pense em curá-lo. Por uma legítima desordem da natureza do homem, não se acha que o tédio, que é o seu mal mais sensível, seja o seu maior bem.


Pode contribuir mais do que qualquer outra coisa para lhe fazer procurar a sua cura. Eis tudo. O divertimento, que ele olha como o seu maior bem, é o seu ínfimo mal.

 Aproxima-o, mais do que todas as outras coisas, de procurar o remédio para os seus males. Um e outro são contraprova da miséria, da corrupção do homem, exceto da sua grandeza.


O homem aborrece-se, procura aquela multidão de ocupações. Tem a ideia da felicidade que conquistou; felicidade que, encontrando em si, procura nas coisas exteriores. Contenta-se.
 

Isidore de Lautréamont
Poeta, nascido no Uruguai, em 1846


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Sábia Indecisão

Muito Mais Que Um Grupo de Teatro



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