quarta-feira, 5 de abril de 2017




Amor Platônico

O amor está presente no nascimento da filosofia. No período clássico da Grécia antiga, o amor é uma das questões mais importantes. Podemos dizer que a filosofia começa com a descoberta do amor.

O amor é o que nos faz pensar. Na base do amor está o espanto, o encantamento. Para os filósofos antigos, o amor não é uma palavra complexa, mas três: eros, philia, ágape.

Cada uma delas tenta designar um sentimento que é bem maior que a palavra com a qual é expresso. O sentimento nunca é simples, a palavra que o batiza também não.

Eros é o amor como desejo. Na obra de Platão trata-se de um sentimento que compõe a própria filosofia, o modo como se pode pensar. Não apenas desejo do belo, do corpo de outro, anseio de alegrias carnais, mas, sobretudo, é o sentimento que compõe o desejo de saber o que está para além do corpo.

Quando se ama alguém, do ponto de vista platônico, se ama o que está além do que se vê. Se ama, inclusive, o que não se vê. Por isso, a curiosa expressão “amor platônico” tem uso corrente em nosso vocabulário. Com ela procuramos expressar o amor que vive de ser teoria sobre si mesmo. Ele se auto-alimenta. É uma espécie de amar como verbo intransitivo. Um amor sem prática, pura admiração, pura contemplação.

Contemplação, ver algo, é o termo pelo qual se traduz a palavra “teoria”. Podemos dizer que o amor platônico é um amor teórico, um amor que se compraz em ver, olhar, pensar no que se vê. O que se vê, porém, não corresponde ao olho do corpo, mas ao olho da alma.

Márcia Tiburi


 A imagem pode conter: texto


======================================



Nenhum comentário:

Postar um comentário