Amor Platônico
O amor está presente no nascimento da filosofia. No
período clássico da Grécia antiga, o amor é uma das questões mais importantes.
Podemos dizer que a filosofia começa com a descoberta do amor.
O
amor é o que nos faz pensar. Na base do amor está o espanto, o encantamento.
Para os filósofos antigos, o amor não é uma palavra complexa, mas três: eros,
philia, ágape.
Cada
uma delas tenta designar um sentimento que é bem maior que a palavra com a qual
é expresso. O sentimento nunca é simples, a palavra que o batiza também não.
Eros
é o amor como desejo. Na obra de Platão trata-se de um sentimento que compõe a
própria filosofia, o modo como se pode pensar. Não apenas desejo do belo, do
corpo de outro, anseio de alegrias carnais, mas, sobretudo, é o sentimento que
compõe o desejo de saber o que está para além do corpo.
Quando
se ama alguém, do ponto de vista platônico, se ama o que está além do que se
vê. Se ama, inclusive, o que não se vê. Por isso, a curiosa expressão “amor
platônico” tem uso corrente em nosso vocabulário. Com ela procuramos expressar
o amor que vive de ser teoria sobre si mesmo. Ele se auto-alimenta. É uma
espécie de amar como verbo intransitivo. Um amor sem prática, pura admiração,
pura contemplação.
Contemplação,
ver algo, é o termo pelo qual se traduz a palavra “teoria”. Podemos dizer que o
amor platônico é um amor teórico, um amor que se compraz em ver, olhar, pensar
no que se vê. O que se vê, porém, não corresponde ao olho do corpo, mas ao olho
da alma.
Márcia Tiburi
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