O Sentimento de Poder
Ao fazer o bem e mal, exercemos o nosso poder sobre aqueles a
quem se é forçado a fazê-lo sentir; porque o sofrimento é um meio muito mais
sensível, para esse fim, do que o prazer: o sofrimento procura sempre a sua
causa enquanto o prazer mostra inclinação para se bastar a si próprio e a não
olhar para trás.
Ao fazer bem ou ao desejarmos o bem exercemos o nosso poder
sobre aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão já na nossa dependência
(quer dizer que se habituaram a pensar em nós como nas suas causas); queremos
aumentar o seu poder porque assim aumentamos o nosso, ou queremos mostrar-lhes
a vantagem que há em estar em nosso poder; ficarão mais satisfeitos com a sua
situação e mais hostis aos inimigos do nosso poder, mais prontos a combatê-los.
O fato de fazermos sacrifícios para fazer o bem ou o mal não
altera em nada o valor definitivo dos nossos atos; mesmo se arriscarmos a nossa
vida, como o mártir pela sua igreja, é um sacrifício que fazemos à nossa
necessidade de poder, ou a fim de conservar o nosso sentimento de poder.
Friedrich Nietzsche
Friedrich Nietzsche
Que nasceu na Alemanha em 1844
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