sexta-feira, 22 de janeiro de 2016



Somos iguais hoje
ao que fomos outrora

- Eu também aprecio os livros de História. Ensinam-nos que, basicamente, somos iguais hoje ao que fomos outrora. Pode haver diferenças insignificantes em termos de vestuário e de estilo de vida, mas não há grande diferença no que pensamos e fazemos. No fundo, os seres humanos não passam de veículos, ou locais de passagem, para os genes. De geração em geração, correm dentro de nós até nos esgotarem, como cavalos de corrida.
Os genes não pensam no bem e no mal. Não querem saber se somos felizes ou infelizes. Para eles, não passamos de um meio para atingir um fim. Só pensam no que é mais eficaz do seu ponto de vista.

- Apesar de tudo, não conseguimos deixar de pensar no bem e no mal. Não é o que está a dizer?

A senhora anuiu.

- Precisamente. As pessoas «têm» de pensar nessas coisas. Mas os genes são o que controla a base da forma como vivemos. Como é natural, as contradições surgem. 


Haruki Murakami,
Escritor, nascido no Japão em 1949

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