domingo, 24 de janeiro de 2016


Bondade e sabedoria devem ser inocentes

Quando a bondade se mostra abertamente já não é bondade, embora possa ainda ser útil como caridade organizada ou como ato de solidariedade.

Daí: «Não dês as tuas esmolas diante dos homens, para seres visto por eles». A bondade só pode existir quando não é percebida, nem mesmo por aquele que a faz; quem quer que se veja a si mesmo no ato de fazer uma boa obra deixa de ser bom; será, no máximo, um membro útil da sociedade ou zeloso membro de uma igreja.   Daí: «Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita.»

O amor à sabedoria e o amor à bondade, que se resolvem nas atividades de filosofar e de praticar boas ações, têm em comum o fato de que cessam imediatamente - cancelam-se, por assim dizer - sempre que se presume que o homem pode ser sábio ou ser bom.

Sempre houve tentativas de dar vida ao que jamais pode sobreviver ao momento fugaz do próprio ato, e todas elas levaram ao absurdo.


Hannah Arendt,
1906 /1975 
Filósofa políticam nascida na Almanha

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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura 


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