Bondade e sabedoria devem ser inocentes
Quando a bondade se
mostra abertamente já não é bondade, embora possa ainda ser útil como caridade
organizada ou como ato de solidariedade.
Daí: «Não dês as
tuas esmolas diante dos homens, para seres visto por eles». A bondade só pode
existir quando não é percebida, nem mesmo por aquele que a faz; quem quer que
se veja a si mesmo no ato de fazer uma boa obra deixa de ser bom; será, no
máximo, um membro útil da sociedade ou zeloso membro de uma igreja. Daí: «Que a tua mão esquerda não saiba o que
faz a tua mão direita.»
O amor à sabedoria
e o amor à bondade, que se resolvem nas atividades de filosofar e de praticar boas
ações, têm em comum o fato de que cessam imediatamente - cancelam-se, por assim
dizer - sempre que se presume que o homem pode ser sábio ou ser bom.
Sempre houve
tentativas de dar vida ao que jamais pode sobreviver ao momento fugaz do
próprio ato, e todas elas levaram ao absurdo.
Hannah Arendt,
1906 /1975
Filósofa políticam nascida na Almanha
Filósofa políticam nascida na Almanha
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
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