Psicanálise e arte
As criações, obras
de arte, são imaginárias satisfações de desejos inconscientes, do mesmo modo
que os sonhos, e, tanto como eles, são, no fundo, compromissos, dado que se
vêem forçadas a evitar um conflito aberto com as forças de repressão.
Todavia, diferem
dos conteúdos narcisistas, associais, dos sonhos, na medida em que são
destinadas a despertar o inteesse noutras pessoas e são capazes de evocar e
satisfazer os mesmos desejos que nelas se encontram inconscientes.
À parte isto, fazem
uso do prazer perceptivo da beleza formal, aquilo a que chamei um prémio-estímulo.
Aquilo que a psicanálise foi capaz de fazer consistiu em captar as relações
entre as impressões da vida do artista, as suas experiências causais e as suas
obras e, a partir delas, reconstruir a sua constituição e os impulsos que se
movem dentro dele.
Não se deve julgar
que o salaz que procura uma obra de arte se anule pelo conhecimento obtido pela
análise. A este respeito é possível que o profano espere acaso demasiado da
análise, mas deve advertir-se que ela não esclarece os dois problemas que são,
provavelmente, os mais interessantes para ele: não esclarece quanto à natureza
dos dotes do artista, nem pode explicar os meios de que o artista se serve para
trabalhar a técnica artística.
Sigmund Freud,
1856/1939
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
Sigmund Freud,
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