segunda-feira, 25 de janeiro de 2016


Tornamo-nos mais objetivos depois de reconhecermos a nossa subjetividade

Toda a arte da psicologia ou da ciência da psicologia, se lhe quisermos chamar assim, é baseada numa inversão do processo de objetividade.

Não que não possamos tornar-nos objetivos, mas que apenas possamos tornar-nos objetivos depois de termos confrontado as nossas atitudes não objetivas, as nossas atitudes não racionais.

Atingir uma objetividade honesta significa termos de saber quais os pontos da nossa natureza que são propensos a determinado preconceito, que parte de nós é defensiva, que parte de nós distorce o que ouvimos.

E é necessária uma tremenda auto-honestidade para começar a remover essas distorções e a clarificar a nossa visão. De modo que só podemos atingir a objetividade depois de termos descoberto quais as áreas da nossa psique que não são objetivas.

Além disso, o reconhecimento básico da psicologia é que, lá bem no íntimo, a maior parte da nossa vida é desconhecida da mente consciente e que, quanto mais nos tornamos consciente dela, mais honestos e mais objetivos nos podemos tornar.

Nós não vemos os outros com clareza, e o que obscurece a nossa visão são os preconceitos que a pessoa supostamente objetiva se recusa a reconhecer.

Uma pessoa objetiva diria que não é responsável pela guerra, mas uma pessoa que sabe psicologia sabe que cada um de nós é responsável porque cada um de nós tem sempre uma área de hostilidade, que depois é projetada para hostilidades coletivas mais vastas.


Anais Nin, 
1903/1977 
escritora, nascida nos EUA

============================

SOPA DE CEBOLA

Boletim de Arte e Cultura

Nenhum comentário:

Postar um comentário