O dia que dispensei Freud
Até pouco tempo atrás eu partilhava minha casa com os meus eternos demônios e com Freud. Meus companheiros de longos bate-papos, os demônios a me incentivarem em minhas paixões, em meu comportamento rebelde e Freud, mais contido a analisar tudo,
No final tinha em mãos um relatório completo de minhas atitudes, com explicações básicas sobre o que era isso ou aquilo.
Assim me organizava, para cometer poucos desatinos e quando os cometia havia sempre um explicação plausível para justifica-los. Os demônios não concordavam muito, tentavam me livrar daquele enquadramento intelectual, queriam a libertação de meus instintos.
Um dia, por razões que desconheço, ele não apareceu, então percebi que tinha me perdido num emaranhado de acontecimentos, apaixonei-me, cometi desatinos sentimentais, não os racionalizei. Fui levado pelos meus mais recônditos instintos.
As coisas vieram, se foram, não sei como. Só sei que meus demônios exultaram de alegria, tinha voltado a ser humano.
Resolvi dispensar os serviços de Freud, dando-lhe uma nova função, a de analisar meus amigos para que eu possa conviver harmoniosamente com eles.
Jorge Nicoli
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