quarta-feira, 18 de outubro de 2017


Música

Ecos de um 
cinquentenário Festival

            Dando sequência ao que ainda ecoa do VII Festival de MPB, realizado pela TV Record em 1967, vamos lembrar  de duas canções que deram o pontapé inicial na Tropicália (ou Tropicalismo), .

            As canções são Domingo no Parque, de Gilberto Gil, com arranjo de Rogério Duprat, defendida por Gil e  Os Mutantes. Uma canção emblemática, com mistura de gêneros musicais, leva quem a ouve para o ambiente descrito, onde acontece a tragédia, com requintes shakespeareanos  (talvez Otelo). Além disso a letra traz algum simbolismo que, pode nos remeter a Freud. O sorvete é vermelho, a rosa é vermelha e o sangue é vermelho e o ciúme talvez seja vermelho. A roda gigante girando, como gira a capoeira. O espinho da rosa vermelha feriu José, o sorvete vermelho gelou seu coração. Olha a faca na mão, olha o corpo no chão, é o amigo João é a amada Juliana  Enfim, uma canção que merece um aprofundamento maior, mais espaço para poder explicitar tudo que há de simbólico. Uma pequena obra prima de Gil, que ficou em segundo lugar.

            A outra canção é Alegria Alegria, de Caetano Veloso, um hino tropicalista, com a ousadia de se deixar acompanhar por um grupo de rock argentino Beat Boys, com uma letra que marca a composição tropicalista, versos desconexos, aparentemente sem relação um com o outro. Alguns críticos conseguiram ver uma mensagem sub-liminar na frase “sem lenço, sem documento” que, segundo eles, uma referência ao LSD. Um devaneio. A letra ainda fala em cardinales, Claudia Cardinale, a bela atriz italiana, no Sol, um jornal ligado à contracultura. Um Caetano que iniciou cantando sob vaias e terminou sob aplausos de uma plateia eufórica conquistada pelo baiano. E o indefectível Lobão diz que ele toca violão com nojo. Alegria Alegria ficou em quarto lugar


Jota Pedro
colaborador do Sopa de Cebola

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