Vida Desliza para Onde?
Os
dias mais recuados de sua infância, o dia em que dissera: "Serei
livre", o dia em que dissera: "Serei grande", apareciam-lhe,
ainda agora, com seu futuro particular, como um pequenino céu pessoal e bem
redondo em cima deles, e esse futuro era ele, ele tal e qual era agora, cansado
e amadurecido.
T inham direitos sobre ele e através de todo aquele tempo
decorrido mantinham suas exigências, e ele tinha amiúde remorsos abafantes,
porque o seu presente negligente e cético era o velho futuro dos dias passados.
Era
a ele que eles tinham esperado vinte anos, era dele, desse homem cansado, que
uma criança dura exigira a realização de suas esperanças; dependia dele que os
juramentos infantis permanecessem infantis para sempre, ou se tornassem os
primeiros sinais de um destino.
Seu
passado sofria sem cessar os retoques do presente; cada dia vivido destruía um
pouco mais os velhos sonhos de grandeza, e cada novo dia tinha um novo futuro;
de espera em espera, de futuro em futuro, a vida dele deslizava docemente...em
direção a quê?
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