O Medo e a Política
Poucas vezes os filósofos se ocuparam do medo. Thomas Hobbes, filósofo
do século XVII que tornou famosa a frase de Plauto “o lobo é o lobo do homem”
foi um dos poucos a pensar o medo como um sentimento manipulável que estaria na
base da fundação do estado social.
A frase explica que o homem, em vez de ser solidário e parceiro de seu
semelhante, seria, na verdade, seu maior inimigo. Em função disso, a autoridade
política teria a função específica de proteger os homens uns dos outros.
Sem medo não haveria governabilidade, mas o governo deveria justamente
tornar a vida das pessoas livre do medo. Cidadãos seriam aqueles que não
viveriam mais do medo, mas em função de leis.
O medo de ser morto pelo outro, ou de ser por ele dominado e
escravizado, faria com que cada indivíduo entregasse ao governante a sua
própria liberdade e até mesmo o direito que tem sobre suas próprias coisas.
Em troca, o governante agiria como bem entendesse na realização do seu
objetivo.
A teoria de Hobbes explica assim a função do governo e, por outro lado,
a obediência dos homens às leis que viriam regular as relações humanas sempre
perturbadas pelo medo que os homens têm dos próprios homens.
(Excerto de
A Forma mais Comum do Medo é o Medo do Medo)
Márcia Tiburi
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