A
Poesia do Dia
Presságio
O amor, quando se
revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que
sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…
Ah, mas se ela
adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito,
cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder
contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…
Fernando
Pessoa
1888/1935
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Apoio
Cultural
Casa
Sete
Lingüiça
de carne de porco
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