POESIA
Cenas de Um Jardim
Lá está o coreto feito de sucata de autos,
onde a orquestra de dementes
apresenta a sonata de outono em ritmo de reggae,
sentados sobre as folhas caídas e mortas
alguns burgueses vestidos a caráter aplaudem
o concerto dos desesperados.
As cabeças cortadas enfeitam o jardim
e as meninas beijam as serpentes
sonhando com os contos de fada
escritos pelo marquês de sade.
No banco desenhado por dali
o casal de namorados pratica o sexo zen
sob as vistas dos monges obscenos.
Sob o sol vermelho e com a bíblia em riste
o pastor possuído pelo espírito do messias inválido,
espumando como um cão raivoso,
clama contra os pecados do mundo.
Ao seu redor a chacina se consuma
e os meninos eleitos são massacrados
num ritual macabro ungido pelo sangue do salvador.
No alto o judas redentor
abre seus braços para acolher
os homens de terno e gravata.
No meio do jardim a madona acalenta barrabás
crucificado entre as guloseimas e as bebedeiras
e que subiu ao céus no terceiro dia
para compartilhar com madalena as glórias da eternidade.
No sujo chafariz
as velhas nuas se banham
cantando em hebraico a aleluia de händel.
Jorge Nicoli
Esta poesia é de
O Ensaio N. 2
que será apresentado
Sábado, 26
Na Casa da Cultura de Lorena
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Apoio Cultural
CONSERVATÓRIO
“Maestro João Evangelista”
Um Espaço de Arte e Cultura
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