sexta-feira, 25 de setembro de 2015



POESIA

A Gênesis

a moça parada estática no átrio
nas mãos uma arma brilha
nos ombros pousado um urubu
a serpente se esquiva pelas pedras
com a maçã entre as presas

a menina abre as pernas e grita

um sopro faz o homem à semelhança
do homem eunuco
que pariu a mulher andrógina

no campo alguém é morto
por alguém que não se conforma
em dividir o pão nosso

a eva se torna uma errante e amante
entre os lençóis e a luxúria
ama judeus e hermafroditas

o céu se divide em chamas
e os ratos expelem pragas
pelas praças e pelas camas

nas ruínas do céu
as mães se desesperam
entre troncos e membros inertes
a moça se curva
a arma se enrubesce
o urubu voa e os sinos badalam
na hora da ave maria.


Jorge Nicoli

Inserida no espetáculo
O Ensaio N. 2
Amanhã na
Casa da Cultura

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SOPA DE CEBOLA

Boletim de Arte e Cultura

Sempre compartilhando inteligência



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