domingo, 27 de setembro de 2015


·          
·         Teatro Protegidos por Deuses
·          

Ocupamos espaços repletos de tempo num pedaço de Olimpo.

Entre sonhos e atos sucessivos, somos seres querentes entre meninas e meninos com desejos de luz, que sonham como anjos e que se levantam do chão para saírem de seus corpos feitos fiapos de fumaça, que se dissipam leves de esperanças para nos pregarem súbitas surpresas.

E depois atentos se põem no aguardo das nossas falas, como se fossemos nós os deuses.

E os dias correm em longos versos sem rimas num poema melódico e delicado, cuja métrica subverte o campo das idéias num devaneio ilógico de imagens avessas; que percorrem meses de insônias, que nos custam horas de ânimos, que nos impõe magnânimos medos e nos põe à prova a nos desafiar os sentidos, que só a nós, algum sentido faz.

E assim, nos permitem sentir o mundo entre gritos, risos, cantos, lágrimas com as ilusões mais que impossíveis e inimagináveis, como se fossemos nós os mágicos.

E a música vem, penetra os nossos ossos, percorre sonora para vibrar em nossos músculos, num desejo de tocar as fibras de nossas carnes, só para enfeitar a melodia de nossas almas.

A cor cora os corações por pigmentos raros, pinta-nos as faces de maquiagem pouca e barata e tinge os nossos egos em tons exuberantes, como se fossemos nós os belos.

Daí, somos feitos pais e mães e irmãos e filhos... E somos ditos santos e mestres. E tornamo-nos contumazes, crédulos e céticos, práticos e minuciosos, porém maiúsculos, de nossas vontades.

E tornamo-nos fortes, veementes e insistentes, incansáveis e brilhantes, sobretudo frágeis, reféns de nossas emoções.

Somos de tudo um pouco do que sempre ainda resta para dentro de nós.

Somos o resultado da soma de seres diluídos entre os demais para sermos iguais. Para eles os anjos, talvez venhamos a ser os seres iluminados, perdidos ao acaso entre breves lapsos de memória; qu, um fragmento melódico de um breve diálogo... Ou, uma rima de um verso corriqueiro e infantil... Ou, o som combinado à palavra ato... Ou, o drama e a comédia, como se fossemos nós o Teatro; donde a ação cabe numa cena simples, improvisada nessa mimese a que se chama vida, feita e refeita cotidianamente para ser espetáculo!

E se assim acontecer certamente terá valido a pena ficarmos juntos, espremidos entre pernas e coxias às escuras, contritos em nossas orações e louvores a todos os santos e a todos os deuses possíveis e cabíveis em todos nós.

E eu, como um sonhador dedicado às minhas eternas manias, irei acender mais um incenso pelos cantos da caixa escura que guarda os segredos das nossas ilusões e sonhos e desafios.

E eu, com o meu ‘Santo Benedito’ às mãos, estarei a orar pelo silêncio pelo templo das ações, em agradecimento pela oportunidade de mais uma função.

Depois, vou tremer de medo ao teu lado, sentir o tremor de tua pele que escapa pelo teu sorriso largo.

É um medo bom, um medo necessário e prudente, um medo só para eu me sentir ainda mais seguro dentro do azul que mira e acolhe os meus olhos à distância...

De mãos dadas com os nossos anjos que agora já se aprontam para voar;
eu desejarei a todos com tamanha veemência:
MERDA!

José Lima

ator

======================================

Apoio Cultural

CONSERVATÓRIO

Um Espaço de Arte e Cultura

Nenhum comentário:

Postar um comentário