POESIA
A eterna companheira
Não sei quantas
vezes
tentei me livrar do versos,
exorcizar esta
mania de fazer poesias.
Não sei
quantas vezes
senti o cansaço de ser poeta.
Perdi a
conta
de quantas
vezes disse:
parei,
já do tempo deitado
em divãs
não tenho a
menor idéia.
De tudo resta
a certeza:
a poesia é um vício incurável.
Um carma
uma sutil maneira que Deus encontrou
para eu resgatar
deslizes de vidas passadas,
diria um
espírita,
já um
fundamentalista pregaria
que é o
preço a pagar
por eu não
acreditar.
Não sei o
que diria
meu padrinho
Ogum,
talvez dissesse
que é o que cabe a mim,
transformar
o cotidiano em versos.
Sei lá,
só sei que
retorno a este vício
e mais uma
vez num cego caminhar,
sem saber
bem onde vou chegar.
Mas que me
importa chegar?
Só me
importar caminhar,
Mesmo tendo
como companheira
a poesia.
Jorge Nicoli
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