Um Poema de Um Certo Carlos
Liberdade
Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.
São Paulo, Presídio Especial, 1939.
Carlos Marighella
Político, guerrilheiro e escritor baiano, e, a
partir de 1964, um dos principais organizadores da luta contra a ditadura militar. Chegou a ser considerado o inimigo
"número um" da ditadura que o assassinou.
==============================
SOPA DE
CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário