Se Não Era Profecia
Era Premonição
Quando das eleições de 1989, onde se elegeu Collor de Mello
presidente, na primeira eleição direta
para presidente desde 1960, escrevi num
dos jornais da cidade que a realização das mesmas não garantiam, por si só, a plenitude democrática.
Entendia, naquela ocasião de euforia cívica, que a democracia
não se resume em eleições periódicas, mas sim numa reformulação drástica do
sistema político brasileiro, reformulação que passaria por reformas políticas
profundas, sem as quais a democracia não se sustentaria.
Costumo brincar que se eu e Moisés – o da Bíblia – dependêssemos
das profecias para viver morreríamos de fome, porém, mais que uma profecia, isso
era somente fruto de observações, principalmente, ao observar que o Brasil
passou por um desmanche político,
educacional e cultural,.
Afinal foram quase 25 anos de ditadura militar e, mesmo com
algumas eleições, não se praticava a democracia.
Repetindo, as eleições fazem parte da democracia, porém
democracia é muito maior do que as eleições, pois precisa ser cultivada,
discutida, praticada em todos os setores da sociedade,
Não há democracia plena quando se permite o monopólio da
informação, quando não há lei reguladora dos meios de comunicação – não me
venha com a bobagem que isso é censura -,
assim como não será possível praticar a democracia com partidos
despolitizados e uma distribuição de renda ainda perversa.
Se não era uma profecia, era uma premonição, tanto que
hoje, 27 anos depois, estamos, de novo,
diante de um regime de exceção, com um presidente não eleito, um judiciário
caolho e um parlamento corrompido.
Jorge Nicoli
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Sábia Indecisão
Muito Mais Que Um Grupo
de Teatro
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