Povos Sem Sorte
As pessoas podem sentir pena de um homem que está a passar por
tempos difíceis, mas quando um país inteiro é pobre, o resto do mundo assume
que todos os seus cidadãos são desmiolados, preguiçosos, sujos, tolos e
desajeitados.
Em vez de pena, provocam o riso. É tudo uma anedota: a sua
cultura, os seus costumes, as suas práticas.
Com o tempo o resto do mundo pode, parte dele, começar a ficar
envergonhado por ter pensado dessa maneira, e quando olham em volta e vêem os
imigrantes desse pobre país a esfregar o chão e a fazerem os trabalhos pior
pagos, eles naturalmente preocupam-se sobre o que poderia acontecer se um dia
estes trabalhadores se insurgissem contra eles.
Assim, para manter as aparências agradaveis, começam a
interessar-se pela cultura dos imigrantes e às vezes até fingem que pensam
neles como se fossem seus iguais.
Orhan Pamuk
Orhan Pamuk
Escritor/Nobel,
2006, nascido na Turquia, em 1952.
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Sábia
Indecisão
Muito
Mais Que Um Grupo de Teatro
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