O Cerne da Escrita e da Leitura
Não se é escritor
por se ter preferido dizer certas coisas, mas por se ter preferido dizê-las
duma certa maneira.
E o estilo faz,
evidentemente, o valor da prosa. Mas deve passar despercebido. Uma vez que as
palavras são transparentes e que o olhar as atravessa, seria absurdo meter
entre elas vidros despolidos. Aqui, a
beleza é apenas uma força doce e insensível.
Num quadro, brilha
antes de mais nada; num livro, esconde-se, age por persuasão como o encanto
duma voz ou dum rosto, não obriga, faz curvar sem que se dê por isso e pensa-se
ceder aos argumentos quando afinal se é solicitado por um encanto
imperceptível.
A cerimônia da
missa não é a fé, ela dispõe a isso; a harmonia das palavras, a sua beleza, o
equilíbrio das frases, dispõem as paixões do leitor sem que
ele dê por isso, ordenam-nas como a missa, como a música, como uma dança; se
acaba por as considerar em si mesmas, perde o sentido, apenas restam oscilações
aborrecidas.
Jean-Paul Sartre
que nasceu di 21 de junho 1905
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura
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