terça-feira, 14 de junho de 2016


O Verdadeiro Rosto da História


O verdadeiro rosto da história afasta-se veloz. Só podemos reter o passado como uma imagem que no instante em que se deixa reconhecer lança um clarão que não voltará a ver-se.

“A verdade não nos escapará” - esta palavra de Gottfried Keller caracteriza com exatidão, na concepção da história que têm os historicistas, o ponto em que o materialismo histórico realiza o seu avanço através dessa imagem.

Irrecuperável é, com efeito, toda a imagem do passado que corre o risco de desaparecer com cada instante presente que nela não se reconheceu.

(A feliz notícia trazida pelo ofegante historiógrafo do passado sai de uma boca que, talvez no próprio instante em que se abre, fala já no vazio.)

Walter Benjamin 
1892  1940
Ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo, de origem judaica, nascido na Alemanha, associado à Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica, e fortemente inspirado tanto por autores marxistas, como por Bertolt Brecht e pelo, como pelo místico judaico Gershom Scholem.

Conhecedor profundo da língua e cultura francesas, traduziu para o alemão importantes obras como Quadros Parisienses de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust.

O seu trabalho, combinando idéias aparentemente antagônicas do idealismo alemão, do materialismo dialético e do misticismo judaico, constitui uma contribuição  original para a teoria estética.

Entre as suas obras mais conhecidas, estão: Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica (1936),Teses Sobre o Conceito de História(1940) e a monumental e inacabada Paris, Capital do século XIX, enquanto A Tarefa do Tradutor constitui referência incontornável dos estudos literários.

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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e Cultura

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