O Progresso Contínuo do Passado
Não existe
matéria mais resistente nem mais substancial (o tempo). Porque a nossa duração
não é apenas um instante a seguir ao outro; se fosse, nunca haveria mais nada
além do presente - nenhum prolongamento do passado na atualidade, nenhuma
evolução, nenhuma duração concreta.
A duração
é o progresso contínuo do passado que morde o futuro e vai inchando à medida
que avança. E, como o passado cresce sem parar, não há nenhum limite à sua
preservação.
A memória não é uma faculdade de arrumar recordações
numa gaveta, ou de inscrevê-las num registro.
Na
realidade, o passado preserva-se a si mesmo, automaticamente. Provavelmente
acompanha-nos na sua totalidade a cada instante.
Henri Bergson
1859 - 1941
Filósofo, nascido na França
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