O Espírito em Transe
O prazer profundo, inefável, que é andar por estes campos
desertos e varridos pela ventania, subir uma encosta difícil e olhar lá de cima
a paisagem negra, escalvada, despir a camisa para sentir diretamente na pele a
agitação furiosa do ar, e depois compreender que não se pode fazer mais nada,
as ervas secas, rente ao chão, estremecem, as nuvens roçam por um instante os
cumes dos montes e afastam-se em direção ao mar, e o espírito entra numa
espécie de transe, cresce, dilata-se, não tarda que estale de felicidade. Que
mais resta, então, senão chorar?
José Saramago
1922 - 2010
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Sábia
Indecisão
Muito
Mais Que Um Grupo de Teatro
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