domingo, 25 de outubro de 2015






A Trágica Cena

Meus pés pisam o palco vazio, meus olhos procuram se acostumar à parca iluminação, minha voz rouca e insegura balbucia algumas palavras.

O silêncio sepulcral da platéia se mistura ao arfar de meu peito e eu sem jeito vou dizendo um texto ridículo.

Minhas mãos trêmulas buscam fios invisíveis para sustentar o personagem e minha boca se abre para entoar uma triste e minimalista melodia.

Meus passos tropeçam naquela música atonal e eu me agarro a um trágico personagem.

O cenário feito com latas enferrujadas e madeiras carcomidas, pintadas com cal, compõem a esdrúxula cena.

Tento me convencer da verdade que não existe, teimo em acreditar que não fujo de mim mesmo naquela figura indelevelmente tosca que me cobre.

Minha face se contorce numa grotesca encenação. O espetáculo se encerra, as luzes se acendem e os meus fantasmas aplaudem freneticamente a trágica cena.


Jorge Nicoli

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O CONSERVATÓRIO
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TEATRO

Dias 12 e 13 de novembro
na Casa da Cultura


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