A Trágica Cena
Meus pés pisam o palco
vazio, meus olhos procuram se acostumar à parca iluminação, minha voz rouca e
insegura balbucia algumas palavras.
O
silêncio sepulcral da platéia se mistura ao arfar de meu peito e eu sem jeito
vou dizendo um texto ridículo.
Minhas
mãos trêmulas buscam fios invisíveis para sustentar o personagem e minha boca
se abre para entoar uma triste e minimalista melodia.
Meus
passos tropeçam naquela música atonal e eu me agarro a um trágico personagem.
O cenário feito com
latas enferrujadas e madeiras carcomidas, pintadas com cal, compõem a esdrúxula
cena.
Tento
me convencer da verdade que não existe, teimo em acreditar que não fujo de mim
mesmo naquela figura indelevelmente tosca que me cobre.
Minha
face se contorce numa grotesca encenação. O espetáculo se encerra, as luzes se
acendem e os meus fantasmas aplaudem freneticamente a trágica cena.
Jorge Nicoli
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O CONSERVATÓRIO
promove
TEATRO
Dias 12 e 13 de novembro
na Casa da Cultura
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