quarta-feira, 21 de outubro de 2015



PENSAR OM EÇA

A inevitabilidade das revoluções

As revoluções não são fatos que se aplaudam ou que se condenem. Havia nisso o mesmo absurdo que em aplaudir ou condenar as evoluções do Sol. São fatos fatais. Têm de vir.


De cada vez que vêm é sinal de que o homem vai alcançar mais uma liberdade, mais um direito, mais uma felicidade.

Decerto que os horrores da revolução são medonhos, decerto que tudo o que é vital nas sociedades, a família, o trabalho, a educação, sofrem dolorosamente com a passagem dessa trovoada humana.

Mas as misérias que se sofrem com as opressões, com os maus regímens, com as tiranias, são maiores ainda.
  
As mulheres assassinadas no estado de prenhez e esmagadas com pedras, quando foi da revolução de 93, é uma coisa horrível; mas as mulheres, as crianças, os velhos morrendo de frio e de fome, aos milhares nas ruas, nos Invernos de 80 a 86, por culpa do Estado, e dos tributos e das finanças perdidas, e da fome e da morte da agricultura, é pior ainda.

As desgraças das revoluções são dolorosas fatalidades, as desgraças dos maus governos são dolorosas infâmias.


Eça de Queirós,
1845/1900

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SOPA DE CEBOLA

            Boletim de Arte e Cultura

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