PENSAR COM
PIRANDELLO
Ninguém se conhece a si mesmo
Julga que se
conhece, se não se construir de algum modo?
E julga que eu
posso conhecê-lo, se não o construir à minha maneira?
E julga que me pode
conhecer, se não me construir à sua maneira?
Só podemos conhecer
aquilo a que conseguimos dar forma. Mas que conhecimento pode ser esse? Não será essa forma a própria coisa?
Sim, tanto para mim
como para si; mas não da mesma maneira para mim e para si: isso é tão verdade
que eu não me reconheço na forma que você me dá, nem você se reconhece na forma
que eu lhe dou; e a mesma coisa não é igual para todos e mesmo para cada um de
nós pode mudar constantemente.
E, contudo, não há
outra realidade fora desta, a não ser na forma momentânea que conseguimos dar a
nós mesmos, aos outros e às coisas.
A realidade que eu
tenho para si está na forma que você me dá; mas é realidade para si, não é para
mim.
E, para mim mesmo,
eu não tenho outra realidade senão na forma que consigo dar a mim próprio.
Como? Construindo-me, precisamente.
Luigi Pirandello,
1867/1936
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