terça-feira, 31 de maio de 2016

Poesia de Poeta Amador


Queria escrever uma poesia

Eu queria escrever um poema,
falando das minhas coisas,
da minha vida,
das minhas paixões,
do teatro, da música,
de ti, Princesa, da Letícia,
quem sabe, falar de flores e de árvores.

Queria escrever um poema,
talvez sobre futilidades ou banalidades;
Com rimas, versos livres
Livres? Como livres?
Como escrever versos livres
se paira sobre nós, sombras nefastas
e  nossos ouvidos já captam
os sons de correntes e de grilhões,
Se o odor putrefato da tirania
exala por todos os cantos,
se o canto da liberdade
corre o risco de ser abafado
por bombas e balas..

Queria escrever um poema;
Mas como fazer poesia,
se estes dias pedem luta?
Como ser poético
se é preciso esbravejar?
Como escrever um poema
se precisamos sair às ruas?
Como querer ser poeta
se a ocasião pede para ser um guerreiro?

Jorge Nicoli
Avô da Letícia, do Leonardo e do Gabriel


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Boletim de Arte e Cultura








Pensamento de Jean-Paul


- Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana, os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem.


Jean-Paul Sartre
1905 - 1980


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A Sombra da Pessoa

Uma pessoa não está... nítida e imóvel diante dos nossos olhos, com as suas qualidades, os seus defeitos, os seus projetos, as suas intenções para conosco (como um jardim que contemplamos, com todos os seus canteiros, através de um gradil), mas é uma sombra em que não podemos jamais penetrar, para a qual não existe conhecimento direto, a cujo respeito formamos inúmeras crenças, com auxílio de palavras e até de atos, palavras e atos que só nos fornecem informações insuficientes e aliás contraditórias, uma sombra onde podemos alternadamente imaginar, com a mesma verosimilhança, que brilham o ódio e o amor. 

Marcel Proust 
1871  1922

Escritor, nascido na França, conhecido pela sua obra Em Busca do Tempo Perdido, que foi publicada em sete partes entre 1913 e 1927. Nasceu numa família rica que lhe assegurou uma vida tranquila e lhe permitiu frequentar os salões da alta sociedade da época.

Assistiu na École Libre des Sciences Politiques aos cursos de Albert Sorel e Anatole Leroy-Beaulieu; e na Sorbonne os de Henri Bergson, cuja influência sobre a sua obra será essencial.

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Festival da Perplexidade



O IV FIC, foi marcado pela perplexidade que tomara conta do País após a edição do macabro AI5, em dezembro de 1968 e, por isso, acabou sendo um Festival sem grandes emoções, tanto que a vencedora foi uma canção bonita, harmoniosa, melodiosa, porém não despertando grandes emoções.

Cantiga por Luciana, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, que no ano anterior, fizeram com Danilo Caymmi, a empolgante Andança, venceu, mas ficou  apenas na lembrança dos que viveram aqueles anos sombrios.

Envolvidos nesta perplexidade uma parte significativa do Festival foi preenchida por canções homenageando as mulheres, tanto que das cinco primeiras colocadas, três eram com  nomes de mulheres, Cantiga por Luciana, Juliana e Minha Marisa.

E os festivais, às vezes, proporcionavam coisas inusitadas, canções que não constavam entre as primeiras, acabavam fazendo sucesso como foi o caso de Charles, Anjo 45, de Jorge Ben, interpretada por ele e pelo Trio Mocotó,, sem contar que na Fase Internacional o grande sucesso foi Love Is All, canção inglesa, com Malcolm Robert. Coisas de festivais

Jota Pedro
colaborador do Sopa de Cebola

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Um Festival Morno



IV FIC - 1969

1969, o primeiro ano de vigência do execrável AI5 e, com esta mordaça, o  IV FIC acabou ficando morno, pois já não havia canções de protestos.

Realizado no Maracanãzinho no mês de setembro, na Fase Nacional, transmitido pela TV Globo, teve como vencedora Cantiga por Luciana, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós (compositores, com Danilo Caymmi, de Andança), defendida por Evinha (do Trio Esperança),  em segundo lugar ficou Juliana, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, com A Brasuca.

Na Fase Internacional, realizada em outubro, a vencedora foi a mesma Cantiga por Luciana, mas quem fez sucesso, nas emissoras de rádio, foi a terceira colocada, interpretada por Malcolm Robert, Love Is All, da Inglaterra.

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segunda-feira, 30 de maio de 2016


História e Tempo são Sempre Contingentes



Querer predizer o futuro e querer ouvir a necessidade do passado são uma única e mesma coisa, e é apenas um problema de gosto se determinada geração acha uma coisa mais plausível que a outra. 

O distanciamento no tempo engana o sentido do espírito tal como o afastamento no espaço provoca o erro dos sentidos.

O contemporâneo não vê a necessidade do que vem a ser, mas, quando há séculos entre o vir a ser e o observador, este vê então a necessidade, tal como aquele que vê à distância o quadradrado como redondo. 

Tudo o que é histórico é contingente, pois justamente pelo fato de acontecer, de se tornar histórico, recebe o seu momento de contingência, pois a contingência é precisamente o único fator de tudo o que vem a ser. 


Søren  Kierkegaard
1813 1855
Filósofo e teólogo, nascido na Dinamarca, criticava fortemente quer o hegelianismo do seu tempo quer o que ele via como as formalidades vazias da Igreja da Dinamarca. Grande parte da sua obra versa sobre as questões de como cada pessoa deve viver, focando sobre a prioridade da realidade humana concreta em relação ao pensamento abstrato, dando ênfase à importância da escolha e compromisso pessoal.

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Estupro ou linchamento?

O estuprador, via de regra, é, psicologicamente, doente, se excita e tem orgasmos, através da subjugação da parceira. Goza exercendo o poder. -   gozo que também é de homens com altos cargos, ou apenas de repressão - .

O poder como afrodisíaco.
Voltando ao estupro carnal. Existe algo de excitante nos gritos, na luta das vítimas, que o mais homem, mais potente. É um doente incurável, preso, vai ser seviciado na prisão  - a ética dos presídios – e liberto, continuará a praticar os crimes.

Aqui no Brasil se perde tempo discutindo uma lei fascista, a da prisão de menores, quando deveríamos discutir, sobre a prisão manicomial – existente no País adorado pela classe média, os EUA -, em que os estupradores, pedófilos e assassinos em série seriam presos depois de avaliação psicológica feita por uma junta de especialistas.

Enquanto não discutimos isso, queo falar sobre o estupro da menina de 16 anos, por 30 homens, se acredito no desequilíbrio  mental do estuprador, talvez nem  Freud consiga explicar a brutalidade sexual deste estupro. Todos doentes? Talvez. Todos estupradores em potencial? Não creio. Como explicar então tal barbárie? Drogas, álcool? Sei lá se todos estavam drogados ou bêbados.

Não havia reação da vítima, parece que a drogaram e, depois de um certo tempo, era uma morta viva, com sangue e esperma escorrendo pela vagina. Que prazer isto pode proporcionar? Ou seriam todos necrófilos?  Só o inconsciente coletivo poderia explicar esta reunião de bárbaros.

Apenas perversos? Se reuniram para fazer uma pequena perversidade? Improvável.

Fica a sensação de um linchamento moral. Lincharam um gênero, o feminino. Fizeram justiça contra a ousadia das mulheres, contra o orgulho feminista. Quiseram, com o estupro coletivo, mostrar a real posição das mulheres, a da submissão e, de preferência, debaixo do homem.

Talvez seja apenas uma divagação de um psicólogo mais do que amador, mas quem sabe, seja um início  para discutir sobre esta violência que ultrapassa qualquer limite  da tolerância.


Jorge Nicoli

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Uma Frase do Geraldo

- A vida não se resume em festivais

Geraldo Vandré,
Nascido em João Pessoa, PA, dia 12 de setembro de1935, é advogado, cantor, compositor, poeta e violonista, conhecido por ser um dos nomes mais célebres da música popular brasileira, infelizmente recluso e completamente inerte artisticamente.
  

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O Mistério de Vandré

Lp Geraldo Vandré - Das Terras Do Benvirá - 1973 - Philips


Após a decretação do famigerado AI5, Vandré se auto exilou no Exterior, de onde voltou em 1973. Em agosto daquele ano o JN – este mesmo – da TV Globo anunciou a sua volta, mas a Veja – que era uma revista séria – e o Jornal do Brasil anunciaram que este retorno se deu um mês antes e que esta chegada ”triunfal”, com faixas e repórteres teria  sido uma encenação do regime militar. Segundo as publicações Vandré estaria já no Brasil prestando depoimento.

O fato é que o compositor retornou se dizendo amigo dos militares, com boné da FAB, inclusive compondo Fabiana, em homenagem à gloriosa Força Aérea Brasileira, falando que não tivera a intenção de agredir o regime militar, em suma um Geraldo Vandré “convertido” e depois disso completamente recluso, se recusando a falar do passado.

Há história de que ele teria sido torturado, o que explicaria sua “conversão”, porém um dos jornais de São Paulo afirma que  isto nunca aconteceu. Aí fica o mistério sobre este excelente cantor-compositor, que talvez continue para sempre insondável.
Seu último trabalho foi Das Terras do Benvirá, gravado em 1970, na França e lançado por aqui em 1973.

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Quase 48 Anos Depois, a Consciência
Não há como negar, a Fase Nacional do III FIC, em 1968, ficou marcada na história dos Festivais, tanto pela qualidade das vencedoras, como pela enorme vaia destinada aos jurados. 
Aqueles jovens, mais de 10 mil acotovelados no Maracanãzinho, queriama canção de Vandré (Caminhado) como vencedora. Era uma época de revolta contra o Sistema, aqui e na Europa. Um ano de grandes protestos estudantis contra a ditadura militar e que Vandré transformou em melodia.
“Quem sabe faz a hora”, era o que pensavam  aqueles jovens, então era inevitável os apupos, porém os jurados (corajosamente)  optaram pela melhor canção.
 Sabíá, de Tom e Chico, é muito mais música  que o protesto de Vandré, tanto melodicamente  quanto na harmonia, ainda contando com os belos versos de Chico.
Hoje, quase 48 anos depois, podemos dizer, sem a emoção da época, que, inclusive, Andança é melhor do que Caminhando, esta composta em cima de dois acordes e com uma letra simples e direta.
Por favor, antes que me crucifiquem como reacionário, a canção do Vandré  tem um enorme valor, até pela simplicidade, apenas, hoje mais maduro, tento consciência do comportamento do júri.

Jota Pedro
Colaborador do Sopa de Cebola
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1.   


Um Marco ma História dos Festivais


III FIC - 1968 
A Fase Nacional do III FIC, em 1968, acabou se tornando um marco na história dos festivais, o último antes do terrível AI5 e pela pela estrepitosa vaia após ser divulgado o resultado, além do que as três primeiras colocadas acabaram  fazendo sucesso.
            Este Festival teve duas eliminatórias, uma em São Paulo, no Teatro da PUC, outra no Rio, no Maracanãzinho, onde também se realizou a final.
Transmitido pela TV Globo, no mês de setembro, teve como vencedora, Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque, com Cynara e Cybele.
Depois, pela ordem de classificação:  Pra não dizer que não falei de flores, ou "Caminhando", de Geraldo Vandré, com o próprio  Vandré. Andança, de Edmundo SoutoDanilo CaymmiPaulinho Tapajós, com Beth Carvalho e Golden BoysPassaralha, de Edino Krieger, com Grupo 004 e  Dia de vitória,  de Marcos e Paulo Sérgio Valle, com Marcos Valle.

Embora vaiada por mais de 10 mil pessoas ma final da Fase Nacional, Sabiá, acabou sendo a vencedora também da Fase Internacional.

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1

domingo, 29 de maio de 2016



  


Um Pensamento do Michel


- Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta. Não podemos nunca esquecer que os sonhos, a motivação, o desejo de ser livre nos ajudam a superar esses monstros, vencê-los e utilizá-los como servos da nossa inteligência. Não tenha medo da dor, tenha medo de não enfrentá-la, criticá-la, usá-la..


Miche Foucault
1926  198

Filósofo,historiador das ideias, teórico social, filólogo e crítico literário, nascido na França. Suas teorias abordam a relação entre poder e conhecimento e como eles são usados ​​como uma forma de controle social por meio de instituições sociais. Embora muitas vezes seja citado como um pós-estruturalista e pós-modernista, Foucault acabou rejeitando esses rótulos, preferindo classificar seu pensamento como uma história crítica da modernidade. Seu pensamento foi muito influente tanto para grupos acadêmicos, quanto para ativistas. 

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U


A Atualidade de Um Antônio

Antonio Gramsci 
 1891   1937


Escreveu sobre teoria política, sociologia,antropologia e linguísticae foi membro-fundador e secretário-geral do Partido Comunista da Itália, e deputado pelo distrito do Vêneto, sendo preso pelo regime fascista de Benito Mussolini

Gramsci é reconhecido, principalmente, pela sua teoria da hegemonia cultural que descreve como o Estado usa, nas sociedades ocidentais, as instituições culturais para conservar o poder
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Poesia de Uma “Desconhecida”

Jatos arbitrários

Ao despertar cruel
Das marés terrenas
Golpeiam, temidas,
Covardes hienas.

Sussurram nas ondas
De ódio assombroso.
Devoram, na farsa,
O sonho do povo.

Afogam denúncias
Na contracorrente
Das armas impunes
Do sangue da gente.

Resistem os gritos
De amor
(Não escuta?)
Do mar, fez-se arte.
Da dor, faz-se luta.

Bruna Valdez
Infelizmente não encontramos referências sobre a autora, mas vale a poesia.

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sexta-feira, 27 de maio de 2016


Uma Poesia de Um Outro José

Passarinho fofoqueiro


Um passarinho me contou 
que a ostra é muito fechada, 
que a cobra émuito enrolada, 
que a arara é uma cabeça oca, 
e que o leão marinho e a foca.. 
xô , passarinho! chega de fofoca!


José Paulo Paes 
 1926  1998

Poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta, nascido em Taquaritinga, SP, durante muito tempo trabalhou em laboratório farmacêutico, formado, que era,  em química..

Todavia, paralelo a essa profissão jamais deixou de lado a literatura, cujo interesse foi lhe passado pelo avô que era livreiro, sendo que ainda nos tempos de aluno em Curitiba, já colaborava com a revista Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. Dessa temporada paranaense nasce seu livro de estreia, O aluno, de 1947, fortemente influenciado pela poesia de Carlos Drummond de Andrade, o qual o respondeu com o conselho de evitar a imitação de vozes alheias.

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