O perdão e a promessa
Se não
fôssemos perdoados, eximidos das consequências daquilo que fizemos, a nossa
capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único ato do qual
jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas
consequências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da
fórmula mágica para desfazer o feitiço.
Se não nos
obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a
nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas
trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos -
trevas que só a luz derramada na esfera pública pela presença de outros que
confirmam a identidade entre o que promete e o que cumpre poderia dissipar.
Ambas as
faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o
perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a
pessoa encena para si mesma.
Hannah Arendt
1906 - 1975
Filósofa política, de origem judaica, nascida na Alemanha.
Filósofa política, de origem judaica, nascida na Alemanha.
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SARAU DE MAIO
Dia 25m quarta feira
19:30 h
Casa da Cultura
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