terça-feira, 10 de maio de 2016


O sentimento de poder

Ao fazer o bem e mal, exercemos o nosso poder sobre aqueles a quem se é forçado a fazê-lo sentir; porque o sofrimento é um meio muito mais sensível, para esse fim, do que o prazer: o sofrimento procura sempre a sua causa enquanto o prazer mostra inclinação para se bastar a si próprio e a não olhar para trás.

Ao fazer bem ou ao desejarmos o bem exercemos o nosso poder sobre aqueles que, de uma maneira ou de outra, estão já na nossa dependência (quer dizer que se habituaram a pensar em nós como nas suas causas); queremos aumentar o seu poder porque assim aumentamos o nosso, ou queremos mostrar-lhes a vantagem que há em estar em nosso poder; ficarão mais satisfeitos com a sua situação e mais hostis aos inimigos do nosso poder, mais prontos a combatê-los.

O fato de fazermos sacrifícios para fazer o bem ou o mal não altera em nada o valor definitivo dos nossos atos; mesmo se arriscarmos a nossa vida, como o mártir pela sua igreja, é um sacrifício que fazemos à nossa necessidade de poder, ou a fim de conservar o nosso sentimento de poder. 


Friedrich Nietzsche
 1844  1900

Filólogo, filósofo, crítico cultural, poeta e compositor, nascido na Alemanha,  escreveu vários textos críticos sobre a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma predileção por metáfora, ironia e aforismo.

A contribuição de Nietzsche para o pensamento filosófico é inestimável, sendo, hoje, um dos fil[osofos mais estudado em todo o mundo.

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