Millor, Chico e Eu
Nunca fui fã de Millor Fernandes, embora o reconheça como um
dos grandes talento que este País
produziu. Mesmo nos anos 70, tempos dO Pasquim, já não o curtia e nem
tinha motivos plausíveis para tanto, acredito que seja tão somente questão de
paladar.
E, para piorar, duas coisas que ele costumava dizer me
incomodava – ainda me incomoda, pois existem aqueles que repetem à exaustão
estas bobagens.
Uma delas é que, segundo ele, o ser humano não dera certo.
Afirmativa que me irrita, independente de quem a faça, pois entendo, além de
ser uma grande bobagem, é de uma arrogância ímpar – é o outro que não deu certo
– e a outra é sua avaliação sobre Chico Buarque. Diz ele que não gosta de quem ganha
dinheiro com seu ideal. Posso até concordar, porém não vejo o Chico Buarque
enquadrado neste perfil. Chico ganha dinheiro com seu imenso talento musical,
que se estende para o teatro e a literatura. Ele não faz shows nem palestras,
nem compõe, pregando seu ideal. Tanto que suas melhores composições não são as
da época da ditadura e ninguém é fã dele por causa de seu posicionamento
político. O talento de Chico Buarque esta
acima disso.
Será que Sartre, Camus, Simone de Beauvoir, Galeano, Brecht
também ganharam dinheiro com o ideal? Nunca ninguém ousou dizer nada a respeito,
mas parece que o sentimento que movia Millor em relação ao Chico era o de inveja.
Talvez, se estivesse vivo, preferisse o
Lobão.
Jorge Nicoli
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SOPA DE CEBOLA
Boletim de Arte e
Cultura
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