terça-feira, 7 de junho de 2016





Millor, Chico e Eu

Nunca fui fã de Millor Fernandes, embora o reconheça como um dos grandes  talento que este País produziu. Mesmo nos anos 70, tempos dO Pasquim, já não o curtia e nem tinha motivos plausíveis para tanto, acredito que seja tão somente questão de paladar.

E, para piorar, duas coisas que ele costumava dizer me incomodava – ainda me incomoda, pois existem aqueles que repetem à exaustão estas bobagens.

Uma delas é que, segundo ele, o ser humano não dera certo. Afirmativa que me irrita, independente de quem a faça, pois entendo, além de ser uma grande bobagem, é de uma arrogância ímpar – é o outro que não deu certo – e a outra é sua avaliação sobre Chico Buarque. Diz ele que não gosta de quem ganha dinheiro com seu ideal. Posso até concordar, porém não vejo o Chico Buarque enquadrado neste perfil. Chico ganha dinheiro com seu imenso talento musical, que se estende para o teatro e a literatura. Ele não faz shows nem palestras, nem compõe, pregando seu ideal. Tanto que suas melhores composições não são as da época da ditadura e ninguém é fã dele por causa de seu posicionamento político.  O talento de Chico Buarque esta acima disso.

Será que Sartre, Camus, Simone de Beauvoir, Galeano, Brecht também ganharam dinheiro com o ideal? Nunca ninguém ousou dizer nada a respeito, mas parece que o sentimento que movia Millor em relação ao Chico era o de  inveja.

Talvez, se estivesse vivo, preferisse   o Lobão.

Jorge Nicoli

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