A doença é o que cura
Na verdade,
muitos acreditavam que a doença não era ruim. Hugo de São Vítor, por exemplo,
falava em uma tristitia utilis, uma tristeza útil. Ela era necessária
para a evolução espiritual. Esta idéia pode parecer estranha, mas nos ensina
algo para os nossos tempos sombrios.
Os monges
acreditavam que a doença a que chamavam melancolia carregava em si o seu
contrário, uma forma de saúde. Ela era uma espécie de cura. Neste aspecto não somos diferentes dos monges
medievais, só perdemos a capacidade de olhar para o que chamamos sofrimento
como se ele fosse apenas um modo de ser e o preço pago quando da descoberta da
vida. Mas se o valorizássemos melhor (e não mais) talvez pudéssemos aprender
que a condição humana sempre foi a mesma, que não somos diferentes e, portanto,
a nossa dor não é diferente.
Desde sempre, se nos pensamos como espécie,
sofremos. Quem tenta saber mais ou melhor sofre de um novo jeito. Em vez de
afundar no lodo da dor emocional, podemos descobrir o potencial de
transformação do conhecimento. Que o sofrimento não é o resultado do
conhecimento, mas seu ponto de partida... saber pode ser mais a cura e a
libertação da dor do que a dor.
(Parte do texto
Saber e Sofrer)
Márcia Tiburi
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