segunda-feira, 20 de novembro de 2017


Crioula

Eu sou crioula decente.não sou vil, estou nas cordasem equilíbrio de um Brasil.A minha cor apavora, essa raça agride ouvi dizer, não é nos dentes do negro, não é no sexo do negro,é na arte do negro de viver, melhor dizendo, sobreviver com essa coisa que arrasta, o tronco que tentam esconder, mas esses troncos existem no conviver. Os troncos estão nas favela, vejo troncos nas vielas, nas moradias fedidas,  nas peles sem esperança,  nas enxurradas de não, 

No jogo das damas e reis eu me perdi, nas rotas dos estiletes, nas celas e nos engodos, negro carretel de rolo, querem fazer um mundo marginal crioulo.



Alzira Rufino 
Nascida em Santos, em 1949
 ativista política atuante no Movimento Negro e no Movimento de Mulheres Negras.



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