Crioula
Eu sou crioula decente.não sou vil, estou nas cordasem equilíbrio de um Brasil.A
minha cor apavora, essa raça agride ouvi dizer, não é nos dentes do negro, não
é no sexo do negro,é na arte do negro de viver, melhor dizendo, sobreviver com
essa coisa que arrasta, o tronco que tentam esconder, mas esses troncos existem
no conviver. Os troncos estão nas favela, vejo troncos nas vielas, nas moradias
fedidas, nas peles sem esperança, nas enxurradas de não,
No jogo das damas e reis eu me perdi, nas rotas dos estiletes, nas celas
e nos engodos, negro carretel de rolo, querem fazer um mundo marginal crioulo.
Alzira Rufino
Nascida
em Santos, em 1949
ativista política atuante no Movimento
Negro e no Movimento de Mulheres Negras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário