sábado, 8 de agosto de 2015



A humanidade de Deus

Na realidade sou o quê?

Um Deus? Um homem? A mistura dos dois. Quem sabe? Um Deus-homem com poder, mas que pode pecar.

Posso sair dançando pelas ruas e praças, sem me importar com os olhares de recriminação.

Deus não pode dançar nem pecar. Sou um homem-Deus. Criei meu céu e meu inferno.

Coloquei o bem e o mal numa só alma, o bom e o mau num só espírito. Concebi a unidade dos opostos, dei à luz a escuridão e pari as sombras.

Estabeleci a ordem nas guerras urbanas, e deixei a desordem proliferar nos campos santos. Manchei com sangue o branco da paz e limpei a face do Cristo com a bandeira vermelha..

Beijei a face do demônio, bailei com os anjos, comi o pão que o diabo amassou e sorvi o vinho sagrado das cerimônias religiosas.

Fiz poemas para as prostitutas e sexo com as puras. Apertei a mão dos marginais e dei às costas aos homens de bem.

Ordenei que o pecado e o perdão fizessem as pazes, que o puro e o ímpio se abraçassem.

Girei nos terreiros com os Orixás e me ajoelhei diante das imagens de santos e virgens, rezando em latim

Sou o quê?

Sou Deus que se fez homem.


Jorge Nicoli

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Sopa de Cebola

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