quinta-feira, 5 de maio de 2016


O Corinthians, os pobres e os negros


Anos atrás, escrevi sobre o nazi-fascismo que, na minha visão, campeia entre os torcedores de certos clubes.

Naquela ocasião, um deles tinha acabado de ganhar -  com méritos - o título mundial inter-clubes e vi seus torcedores gritando e destilando ódio contra o Corinthians, que não foi o adversário vencido. Fiquei perplexo dado a virulência com que estes torcedores se manifestavam.

A partir daí,  comecei a observar este comportamento,  constatei que todos os títulos – e não foram poucos -  conquistados pelo Corinthians são contestados, desqualificados e, acredite, criminalizados.

O futebol não é uma ciência exata, pode ser discutido, contestado, mas vale só para um lado, o lado onde está uma grande massa de pobres e de negros. Do outro lado, no inconsciente coletivo de seus torcedores, estão os bem nascidos, com todos os dentes na boca. De um lado os semi-alfabetizados, de outro, os acadêmicos. Aí se sustenta a minha tese, do nazi-fascismo que grassa no esporte mais popular do planeta.  Claro que há exceções, o que confirmam a regra.

Este preconceito nasce da própria história do Corinthians, o único grande clube brasileiro surgido da classe operária, debaixo de lampiões, num tempo em que o futebol era coisa de ricos, em que negros nem podia assistir aos jogos, e o Corinthians colocou negros e a periferia dentro dos campos  de futebol e a petulância de se batizar com um nome inglês. Um time de periferia chamar-se Sport Club Corinthians é muita ousadia. Ousadia que o fez ser grande, que o fez amealhar  uma enorme massa de torcedores pelo Brasil afora, que o fortaleceu para se ombrear à elite do futebol.  Isso é insuportável para essa gente bem nascida que, a qualquer derrota ou desclassificação, vai para às ruas comemorar  como se fosse um título.

Na realidade, esta classe não suporta a ascensão de pobres e de negros, seja nos campos ou nas ruas.


Jorge Nicoli
Corintiano, avô da Letícia, do Leonardo e do Gabriel

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