A fonte secou *
Não
sei como, nem quando, mas há um bom tempo que estancou o rio que abastecia
minha inspiração. Secou o leito por onde passavam as límpidas águas que refletiam
meus versos..
Não
deixei de me apaixonar, nem me perdi das minhas eternas musas, inspiradoras de
minha poesia. Meus olhos ainda brilham quando olho para teus olhos, meu coração
ainda dispara quando te vejo, meus ouvidos se agitam ainda a ouvir tua voz,
minha retina ainda retém tua doce imagem. Elementos indispensáveis para
alimentarem minha verve poética, para me deixarem apaixonado, porém o terreno
está tórrido, como a paisagem de um sertão.
Uma
caatinga se formou em minh´alma e a sede de inspiração me consome como a um
viajante incauto perdido no deserto. O rio secou. Imagino que alguma fada
enciumada tenha construído um dique, represando a fonte de minha inspiração.
*de Monsueto e Tulio Lauar
.
Jorge Nicoli
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