A Esperança
de uma Relação Profunda
Conhecemos as
pessoas durante anos, até mesmo dezenas de anos, habituamo-nos a evitar os
problemas pessoais e os assuntos verdadeiramente importantes, mas guardamos a
esperança de que, mais tarde, em circunstâncias mais favoráveis, se possam
justamente abordar esses assuntos e esses problemas.
A esperança,
sempre adiada, de um relacionamento mais humano e mais completo nunca
desaparece completamente, porque nenhuma relação humana se contenta com limites
definitivos, restritos e rígidos. Permanece, portanto, a esperança, de que haja
um dia uma relação “autêntica e profunda”.
E permanece
durante anos, até mesmo décadas, até que um acontecimento definitivo e brutal
(em geral, uma coisa como a morte) vem dizer-nos que é demasiado tarde, que
essa “relação autêntica e profunda”, cuja imagem tínhamos amado, também não
existirá; não existirá, tal como as outras.
Michel Houellebecq
Escritor, nascido na França em 1958,
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