A
Felicidade Provém
da Plena Posse das Suas Faculdades
O ódio à razão, tão frequente nos nossos
dias, é devido em grande parte ao fato dos movimentos da razão não serem
concebidos duma forma suficientemente fundamental. O homem dividido contra si
mesmo procura estímulos e distrações; ama as paixões fortes, não por razões
profundas, mas porque momentaneamente elas lhe permitem evadir-se de si próprio
e afastam dele a dolorosa necessidade de pensar.
Toda a paixão é para ele uma forma de
intoxicação, e desde que não pode conceber uma felicidade fundamental, a intoxicação
parece-lhe o único alívio para o seu sofrimento. Isso, no entanto, é o sintoma
duma doença de raízes profundas.
Quando não há tal doença, a felicidade provém
da plena posse das suas faculdades. É nos momentos em que o espírito está mais
ativo, em que menos coisas são esquecidas que se sentem alegrias mais intensas.
Esta é, sem dúvida, uma das melhores pedras de toque da felicidade.
A
felicidade que exige intoxicação de não importa que espécie, é falsa e não dá
qualquer satisfação. A felicidade que satisfaz verdadeiramente é acompanhada
pelo completo exercício das nossas faculdades e pela compreensão plena do mundo
em que vivemos.
Bertrand Russell
Filósofo, matemático e escritor
nascido na Inglaterra em 1872
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