Devaneios Reveladores
Na verdade, se nos
fosse dado penetrar com os olhos da carne na consciência dos outros,
julgaríamos com mais segurança um homem pelo que devaneia do que pelo que pensa.
O pensamento é dominado pela vontade, o devaneio não.
O devaneio, que é
absolutamente espontâneo, toma e conserva, mesmo no gigantesco e no ideal, a
figura do nosso espírito. Não há coisa que mais direta e profundamente saia da
nossa alma do que as nossas aspirações irrefletidas e desmesuradas para os
esplendores do destino.
Nestas aspirações
é que se pode descobrir o verdadeiro caráter de cada homem, melhor do que nas
ideias compostas, coordenadas e discutidas. As nossas quimeras são o que melhor
nos parece. Cada qual devaneia o incógnito e o impossível, conforme a sua
natureza.
Victor
Hugo,
Escritor,
dramaturgo e poeta
nascido na
França em 1802
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