sexta-feira, 26 de janeiro de 2018



O Valor Natural do Egoísmo


O egoísmo vale o que valer fisiologicamente quem o pratica: pode ser muito valioso, e pode carecer de valor e ser desprezível. E lícito submeter a exame todo o indivíduo para se determinar se representa a linha ascendente ou a linha descendente da vida.


Quando se conclui a apreciação sobre este ponto possui-se também um cânone para medir o valor que tem o seu egoísmo. Se se encontra na linha ascendente, então o valor do seu egoísmo é efetivamente extraordinário, — e por amor à vida no seu conjunto, que com ele progride, é lícito que seja mesmo levada ao extremo a preocupação por conservar, por criar o seu optimum de condições vitais.


O homem isolado, o “indivíduo”, tal como o conceberam até hoje o povo e o filósofo, é, com efeito, um erro: nenhuma coisa existe por si, não é um átomo, um “elo da cadeia”, não é algo simplesmente herdado do passado, — é sim a inteira e única linhagem do homem até chegar a ele mesmo...


Se representa a evolução descendente, a decadência, a degeneração crônica, a doença (— as doenças são já, de um modo geral, sintoma da decadência, não causas desta), então o seu valor é fraco, e manda a mais elementar justiça que ele subtraia o menos possível aos bem constituídos. Ele não é mais do que o parasita destes...


Friedrich Nietzsche,
Que nasceu na Alemanha em 1844


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