O Valor Natural do Egoísmo
O egoísmo vale o
que valer fisiologicamente quem o
pratica: pode ser muito valioso, e pode carecer de valor e ser desprezível. E
lícito submeter a exame todo o indivíduo para se determinar se representa a
linha ascendente ou a linha descendente da vida.
Quando se conclui
a apreciação sobre este ponto possui-se também um cânone para medir o valor que
tem o seu egoísmo. Se se encontra na linha ascendente, então o valor do seu
egoísmo é efetivamente extraordinário, — e por amor à vida no seu conjunto, que
com ele progride, é
lícito que seja mesmo levada ao extremo a preocupação por conservar, por criar
o seu optimum de
condições vitais.
O homem isolado, o
“indivíduo”, tal como o conceberam até hoje o povo e o filósofo, é, com efeito,
um erro: nenhuma coisa existe por si, não é um átomo, um “elo da cadeia”, não é
algo simplesmente herdado do passado, — é sim a inteira e única linhagem do homem até
chegar a ele mesmo...
Se representa a
evolução descendente, a decadência, a degeneração crônica, a doença (— as
doenças são já, de um modo geral, sintoma da decadência, não causas desta), então o
seu valor é fraco, e manda a mais elementar justiça que ele subtraia o menos possível
aos bem constituídos. Ele não é mais do que o parasita
destes...
Friedrich
Nietzsche,
Que nasceu
na Alemanha em 1844
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