terça-feira, 16 de janeiro de 2018


Antes de começar *

Dentre alguns dos meus vícios, está o de escrever. Pode parecer estranho considerar o ato de escrever como vício, porém para mim o é, pois é compulsivo, fundamental para minha sanidade. O ato de escrever é afrodisíaco, desperta-me da inércia, revigora.

Hoje, estranhamente, acordei sem nenhuma vontade de escrever, tomado por uma preguiça felina mal tenho coragem para pensar, quanto mais me postar diante do computador e anotar o quer que seja. O dia taciturno, sorumbático, pode ser a causa desta letargia. Não sei, mesmo porque já produzi algumas boas coisas em dias assim.

Quem sabe, tenha desistido de me apaixonar. A paixão que tem sido o combustível para os meus recentes arroubos literários, mas, não raro, fujo do romantismo enveredando pelos caminhos surreais.

Quem sabe seja apenas um esgotamento temporário, natural no ser humano, mesmo o escritor acreditando não o ser. Como em mim é um vício, não escrever significa crise de abstinência, com tremor, inquietude, angústia tomando conta do meu ser. Avento a hipótese de ter perdido a inspiração, o que me levaria à loucura. Escrever, para mim, é um caso de sobrevivência. Mas que preguiça!
  
Deitado, vou esperar o dia acabar, aguardar que amanhã reencontre a inspiração e termine o texto mesmo antes de começar.


(* música de Paulinho Moska)


Jorge Nicoli

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