terça-feira, 16 de janeiro de 2018



Inventar Uma Vida

Nada tenho contra aquele que se devota a Deus, que faz de sua vida uma eterna peregrinação religiosa entre missas, cultos, terços, orações. Um direito inalienável de cada um  se esmerar em busca da salvação de sua alma. Porém, o que chama a atenção – chega  a me aborrecer – é a necessidade – quase missionária – de tentar salvar a alma do próximo, chegando a uma insistência quase que paranoica.

Qual a necessidade de salvar a alma do outro? Por que desta paranóia  redentorista? Caridade ou piedade por aquele que não crê?  Se o outro não quer salvar sua alma é problema dele, como é problema dele querer ir para o Inferno. Uma opção pós-morte, da mesma forma é uma opção o Paraíso. E que se temos a ver com isso?

Penso que dois motivos movem estes “salvadores da alma alheia”, um é a salvação da  própria  alma. Arregimenta para Deus bela quantidade de ovelhas desgarradas, arrebatadas por seu grande esforço e estabelece negociação com Deus, salva almas para Deus salvar a sua.

O outro motivo é não saber lidar com sua própria vida, a dificuldade em se estar no mundo, em existir plenamente, então prefere inventa uma vida.

Jorge Nicoli


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