O Asco da Imprensa
É impossível
percorrer uma qualquer gazeta, seja de que dia for, ou de que mês, ou de que
ano, sem aí encontrar, em cada linha, os sinais da perversidade humana mais
espantosa, ao mesmo tempo que as presunções mais surpreendentes de probidade,
de bondade, de caridade, a as afirmações mais descaradas, relativas ao
progresso e à civilização.
Qualquer jornal,
da primeira linha à última, não passa de um tecido de horrores. Guerras,
crimes, roubos, impudicícias, torturas, crimes dos príncipes, crimes das
nações, crimes dos particulares, uma embriaguez de atrocidade universal.
E é com este
repugnante aperitivo que o homem civilizado acompanha a sua refeição de todas
as manhãs. Tudo, neste mundo, transpira o crime: o jornal, a muralha e o rosto
do homem.
Não compreendo que
uma mão pura possa tocar num jornal sem uma convulsão de asco.
Charles Baudelaire,
Poeta, escritor e
crítico
nascido na França em
1821
Nenhum comentário:
Postar um comentário