Pelo tempo

Houve um tempo antes, quando ainda tempo nem éramos. Tempos se acasalaram e num instante a vida  – um sopro. Ficamos um tempo  à espera, volvendo-nos em torno  de nós, Pulsando pulsos de tempos  próprios e num instante o sopro 
– a luz.

E o tempo nosso agora é a conta que se desenrola em segundos  contínuos. É tempo presente e tempo  consumido, que se acende em nós feito um feixe em luz – o futuro.

E vai o tempo à frente a correr contra o tempo, numa reviravolta entre  antos contratempos,  como se arrevesasse aos três tempos:o que nasce, o que corre e o que se esvai ao futuro – pelo tempo.

José de Lima

Poeta, ator e diretor de teatro, professor,

nascido em Guaratinguetá, em 1955 e radicado em São Paulo