quarta-feira, 10 de janeiro de 2018



Reflexão sobre
o ser ou o não ser


Alguém disse que o ser humano nasceu para ser feliz, um outro alguém escreveu que nascemos para ser infelizes. Alguém muito otimista se contrapondo a outro muito pessimista.


O ser humano nasceu para viver a vida, frase batida mas verdadeira, e a felicidade é um conceito, assim como o poder, na visão de Foucault, se exerce o poder. Adorno diz que como a verdade, a felicidade não se possui, se está nela. Visões filosóficas. Que deixo para os entendidos..


Há os que dedicam sua vida em busca da tal felicidade, correm desesperadamente atrás do sucesso, se esforçam para ter bens, se iludem com as modernas tecnologias ou com um grande amor. Filhos, companheiros ideais, carro do ano, casa própria, roupas com etiquetas, risos, amigos, trabalho, Deus, família unida, paz, devem fazer parte do check list da felicidade. Talvez sejam. Como saber o tamanho do vão subterrâneo de cada um? Buraco onde, quem sabe, se meteram e se perderam da vida.


No contra-fluxo desta busca, passeiam os que correm atrás da compensação da falta de felicidade e até, inconscientemente, buscam-na construindo um mundo caótico, habitado por uma invenção desprezível do Criador, o próprio ser humano, idealizam um Universo sem crianças, apegados à idéia do Apocalipse, a destruição da humanidade. Estes discursos são reforçados por pregações apologéticas de pastores de alma raivosos ou pelas notícias catastróficas veiculadas por alguns Profetas do Apocalipse. Compensar sua própria infelicidade com a infelicidade alheia, diria Caetano Veloso. Afinal, o homem nasceu para ser feliz ou para viver eternamente angustiado, a buscar a tal felicidade ou tentando compensar sua incapacidade de encontra-la?


Bom, como não sou psicólogo nem filósofo e, muito menos um pretendente em alcançar sucesso com auto-ajuda, diria que o ser humano nasceu para experimentar a vida e, se quiser, exercer a felicidade buscando-a. A busca, talvez, seja a real felicidade.


Jorge Nicoli


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