A Gente e as Coisas
A
gente nasce, cresce, cultiva paixões e amores, às vezes, animais e flores. Cria
filhos e vínculos. Acumula coisas e bens. Os filhos se vão, os vínculos se
rompem, as paixões e os amores se esvanecem, animais e flores desaparecem,
porém, as coisas e os bens a gente preserva. Coleções de selos, de copos, de
discos, de sapatos, entopem a casa da gente e os bens preenchem o egoísmo da
gente. Mas o egoísmo da gente nunca se satisfaz e impele a gente a acumular
mais e mais. Casas, terrenos, sítios, chácaras, prédios, aplicações
financeiras, ações e a gente querendo mais e nesta ânsia, a gente se esquece de
uma velha companheira, que nos acompanha sorrateiramente e que um dia vai
aparecer para levar a gente, só que a gente não poderá levar nada, a não ser o
corpo da gente.
A
gente se vai, todas as coisas ficam. Tudo que a gente acumulou será dividido
entre mais gente e a gente perceberá que não teve tempo para se perguntar: de
que valeu acumular tanto?
Jorge Nicoli
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