sábado, 6 de janeiro de 2018



Reflexão solitária


Dizem que tudo já foi dito. Todos os conceitos sobre todas as coisas já foram emitidos. Enfim não existe nada de novo no universo da literatura ou da filosofia. Acredito ser uma realidade e como não tenho nenhuma vontade de ser diferente, muito menos nenhuma queda para a genialidade, vou repetir algo do qual existem teses e teorias. Mesmo porque é da natureza humana e tudo que se refere ao ser humano é sempre possível ser repetido.
O ser humano tem a estranha mania de se repetir. Não tenho nenhum pudor em cometer este desatino. E tem mais, inúmeras vezes falei sobre minha necessidade vital de escrever. Como disse Clarice: “quando não escrevo me sinto morta”. Sem traço de comparação, sinto o mesmo. Por isso escrevo.

A solidão era um tema recorrente em Clarice. Uma palavra que, não raro, aparece em meus escritos, Sou um solitário. Embora sendo extremamente sociável, vivo sozinho. O que é a solidão? É estar só. Um ou outro diz que, mesmo rodeado por muita gente, se sente só. Há os solitários mesmo ao lado de parceiros. Estar só é estar na solidão? Nem sempre. Às vezes, é tão somente uma sensação passageira. Um sentimento de desamparo.

Já fiz referência à frase de alguém: “a maior solidão é a de não sentir saudade”. A saudade seria a companheira, a qual se abraçaria para se sentir menos solitário. Como sinto pouca saudade, ou quase nenhuma, pouco posso acrescentar.

Alguns temem a solidão Entram em pânico só de se imaginarem sozinhos. Aí investem em relacionamentos neurotizados, apenas para não se sentirem sós e na expectativa vã de que o outro lhe preencha o vazio. Uma solidão a dois. Tem gente que busca a solidão temporária, como forma de fazer reflexões ou para produzir alguma coisa. Um livro, uma tese, um conceito, talvez, mais um sobre a própria solidão.

Há os que vivem só, dizendo que não estão tão sozinhos, porque têm a companhia de Deus. Questão de fé. A fé não admite outra definição ou conceito. Por isso é a fé. Não pretendo discutir esta parceria com Deus, mesmo achando que Ele tem muita coisa a fazer para se prestar a ser acompanhante exclusivo de um solitário.

Na realidade não sei se consegui dizer algo minimamente interessante sobre a solidão. Se acrescentei alguma coisa ao tema, já amplamente explorado. De qualquer forma, fica a certeza de que vou sobreviver por mais um tempo, como também entender que a minha solidão veio naturalmente, conseqüência das minhas escolhas vida adentro.


Jorge Nicoli


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