Reflexão
sobre uma frase
Uma grande amiga, numa discussão sobre amor e paixão, afirmou que
o eterno apaixonado possui personalidade narcísica. Gostei da frase e em casa
comecei a refletir sobre a mesma. Usando de meus parcos conhecimentos
psicológicos analisei, dentro do possível, a tal afirmativa, não contente
consultei o “amigo” Freud, mesmo dispensado do trabalho junto a mim, está
sempre à disposição para assuntos desta natureza. Discutimos e chegamos à
conclusão de que a amiga estava correta, o eterno apaixonado nada mais é de que
um Narciso, e como se sabe, adorava sua imagem não conseguindo amar, nem a si
nem a outro.
Esta é a questão, não se sentir capaz de amar e, por conseguinte,
não está preparado para se relacionar com o outro, então o jeito é criar uma
imagem, se apaixonar por ela, que dura até ser substituída por outra, A
dificuldade de assumir o real faz com que se crie a ilusão, a engrenagem a
mover esta paixão. A última coisa que o eterno apaixonado quer é a
concretização deste sonho, pois nunca estará pronto para assumir o contato
efetivo e afetivo. Não se sente preparado para retribuir afetos, de assumir um
compromisso consigo mesmo e com o outro. Então o melhor é se apaixonar, de
preferência por pouco tempo, para não correr o risco da paixão virar amor. E
aí, que fazer com ele?
Jorge Nicoli
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