Um choro
sem lágrimas
Há o vento frio da morte soprando, há as flores mortas cobrindo o
jazigo e aquele muro cinza manchado com o sangue de Deus.
Pelos bueiros escorrem restos de chuva e sobras de dejetos.
Objetos estranhos, nas mãos de meninos e meninas, cortam o as
veias dos santos.
No alto do campanário a ave de rapina observa a marcha dos
deserdados rumo a lugar algum Na sala de
jantar a família reza pedindo graças aos velhos fantasmas, enquanto. no quarto
a filha se masturba com o ursinho de pelúcia.
Nas ruínas do antigo templo homens e mulheres promovem uma grande
orgia ao som de um velho vinil de valsas vienenses.
Sentado na calçada daquela rua quase escura, choro o choro sem
lágrimas.
Jorge Nicoli
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