sexta-feira, 12 de janeiro de 2018



Um choro sem lágrimas

Há o vento frio da morte soprando, há as flores mortas cobrindo o jazigo e aquele muro cinza manchado com o sangue de Deus.

Pelos bueiros escorrem restos de chuva e sobras de dejetos.

Objetos estranhos, nas mãos de meninos e meninas, cortam o as veias dos santos.

No alto do campanário a ave de rapina observa a marcha dos deserdados rumo a lugar algum  Na sala de jantar a família reza pedindo graças aos velhos fantasmas, enquanto. no quarto a filha se masturba com o ursinho de pelúcia.

Nas ruínas do antigo templo homens e mulheres promovem uma grande orgia ao som de um velho vinil de valsas vienenses.

Sentado na calçada daquela rua quase escura, choro o choro sem lágrimas.

Jorge Nicoli

Nenhum comentário:

Postar um comentário