O Espetáculo da dor
Há um verdadeiro contentamento
com a dor em nossa cultura. Tal gosto pelo sofrimento é, todavia,
escandalização da dor e, paradoxalmente, sua banalização. De tanto ser vivida
se tornou banal.
A dor é um elemento de
uma democracia perversa, parece ser só o que realmente nos esmeramos por
compartilhar. As imagens da morte de indivíduos ou grupos, das catástrofes
históricas ou da violência em escala cotidiana alegram os olhos de quem
aprendeu a viver no mundo do espetáculo, o grande território que na sociedade
atual, mede a vida, os corpos, os desejos, com imagens prévias do que devemos
ser.
O que chamamos
espetáculo é ele mesmo um olho que nos vê e forja o nosso próprio modo de
olhar. Que futuro há para uma cultura que vive o voyerismo da catástrofe, que
goza com o sofrimento alheio pensando estar a salvo dele?
Há solidariedade que
possa nos salvar diante do apelo à morte do outro, ao ódio escancarado, a que
nos convidam todos os dias as formas de vida – descaso e violência - que
vivemos?
Márcia Tiburi
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Sábia Indecisão
Muito Mais Que Um Grupo de Teatro
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